HISTÓRIAS DO NOSSO POVO

“Começo pela Escola…havia respeito e não era obrigatório estudar. A D. Aldina foi minha professora. Porrada! Naquele tempo, para fazer exame de 3ª classe, sabia-se!! Íamos descalços para a escola, muita gente and…ava descalça, não havia sapatos. Na escola, havia um depósito com água para lavar os pés. Quem não queria (ou não podia) estudar, começava a trabalhar nas terras, por volta dos 14 anos. Trabalhei nas terras e, mais tarde, na lavoura. A partir das seis da manhã já se estava na terra. Às oito era o almoço. Depois era até ao meio dia. Parava-se só para fumar um cigarrinho…trabalhava-se até tocar as trindades.
As festas do Espírito Santo, não eram como é hoje, era mais divertido. Na quinta-feira, iam-se buscar os gueixos, fazia-se um desfile até à Igreja. Na sexta-feira de manhã, matavam-se os animais em casa. Depois, dividiam-se as pensões e as ofertas, com carros de bois. Ao almoço de domingo, na casa do Mordomo, com a comunidade, seguia-se a coroação à tarde, finalizando no Triato e nas sortes. Já fui Mordomo duas vezes. Era o melhor tempo!
De 1972 a 1977, fui Presidente da Junta de Freguesia de Arrifes. Não concorri, não fui nomeado, Juntamente com o Manuel Lopes, Dinis Ferreira e Weber Tavares. Não se ganhava nada. Não havia nem sede, nem transporte, nem dinheiro. Ainda apanhei o tempo do fascismo. No meu mandato, foi construído o jazigo dos soldados.
No plano familiar, arranjei noiva, a filha do António Favela. Nunca saí com ela, até casar. No dia que casei ao civil, na casa da D. Maria, ela foi com a mãe para baixo e eu virei para cima!! Namorei ao balcão e depois à janela e era aquelas portilhas todas abertas até lá atrás!!”
Liberal Couto Oliveira – Natural dos Arrifes
2 Fev 2013